Cientistas perderam 3 estrelas em 1952 — agora buscam respostas

Cientistas perderam 3 estrelas em 1952 — agora buscam respostas

Na década de 1950, o Observatório Espacial Palomar, localizado próximo à cidade de San Diego, na Califórnia, utilizava uma técnica para procurar asteroides. O método era fotografar periodicamente regiões determinadas do espaço e compará-las.

Na noite de 19 de julho de 1952, os cientistas tiraram uma foto de uma área às 20:52 e repetiram a imagem às 21:45. O resultado mostrou algo surpreendente: três das estrelas que estavam na primeira imagem simplesmente sumiram.

A primeira impressão era que a equipe poderia ter capturado um evento raríssimo: a explosão de uma estrela. Porém, os fatos não batiam: em eventos como estes, o brilho deveria ser visto por dias. Na época, não foi possível chegar a nenhuma conclusão sobre o episódio, que permaneceu um mistério.

Imagens capturadas com diferença de 50 minutos que mostra o sumiço dos corpos. (Fonte: Solano et al., arXiv 2023)Imagens capturadas com diferença de 50 minutos que mostra o sumiço dos corpos. (Fonte: Solano et al., arXiv 2023)

Novas investigações

Recentemente, um novo grupo de cientistas decidiu entender o que aconteceu na época. O primeiro passo foi procurar imagens posteriores daquela região em busca de sinais dos corpos fotografados, mas nenhuma pista das possíveis estrelas surgiu desde então. 

Em seguida, era preciso se certificar que não havia problema nas lentes ou nas chapas utilizadas pelo observatório, e novamente tudo parecia em ordem. A imagem das estrelas era consistente com o formato e brilho de todas as outras fotos até então.

Outra possibilidade descartada pelos pesquisadores foi a de que as três estrelas tivessem perdido o brilho simultaneamente. A diminuição da intensidade do brilho de uma estrela é um evento raro e acontecer com três delas em um período tão curto de tempo seria impossível.

A explicação mais lógica, portanto, era que os três corpos estivessem perto o suficiente para serem iluminados por uma fonte de luz e, quando essa se apagou ou quando eles se distanciaram, a imagem desapareceu. Para que este fosse o caso, os objetos precisam estar a uma distância mínima de 6 unidades astronômicas, ou seja, cerca de 900 milhões de quilômetros. Além disso, eles não poderiam estar a menos de 2 anos-luz da Terra.

Novas hipóteses

Esses dados fizeram com que fosse concluído que os objetos estavam mais próximos do que o sistema estelar Alpha Centauri e talvez dentro do próprio Sistema Solar. Assim sendo, os três corpos capturados na imagem não poderiam ser estrelas — a opção mais plausível é que se tratasse de asteroides.

Outra opção é que a imagem era de um planetesimal da nuvem de Oort. Estes são corpos rochosos de gelo que ficam em uma nuvem esférica a um ano-luz de distância do Sol.

Uma última hipótese levantada é um pouco mais curiosa. O Observatório de Palomar fica perto do deserto do Novo México, onde aconteciam testes nucleares na década de 1950. Poeira radioativa poderia ter contaminado as placas fotográficas e criado brilho similar a estrelas.

Por enquanto, não foi possível chegar a uma conclusão precisa, mas ficou claro que as estrelas perdidas nunca existiram. O estudo preliminar foi liderado por Enrique Solano e pode ser conferido no site da Universidade de Cornell.