Hidrogênio descoberto em rochas lunares pode mudar exploração da Lua

Hidrogênio descoberto em rochas lunares pode mudar exploração da Lua

Uma nova análise feita de rochas lunares trazidas para o mundo durante as missões Apollo revelou pela primeira vez na história presença de hidrogênio. Essa descoberta sugere que os futuros astronautas poderão, um dia, usar a água disponível na Lua para suporte de vida e combustível de foguetes.

Pesquisadores do Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos (NRL), a quem a NASA forneceu as amostras para estudo, anunciaram em novembro que descobriram hidrogênio na amostra de solo lunar 79221. Acredita-se que esse hidrogênio tenha sido trazido à existência por chuvas incessantes, pelo vento solar e até mesmo por ataques de cometas no satélite da Terra.

Expectativas para o futuro

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Em comunicado oficial, a principal autora do estudo e geóloga do NRL, Katherine Burgess, destacou a importância da descoberta. “O hidrogênio tem potencial para ser um recurso que pode ser usado diretamente na superfície lunar quando houver instalações mais regulares ou permanentes lá”, disse. Segundo Burgess, localizar recursos e entender como coletá-los antes mesmo de chegar à Lua será extremamente valioso para a exploração espacial.

De acordo com uma estimativa feita pela NASA, custaria milhares de dólares para desenvolver uma garrada de água capaz de chegar até a Lua. Portanto, para reduzir custos, o gelo lunar pode ser usado como água para os astronautas nesse cenário e também pode ser decomposto nos seus componentes — hidrogênio e oxigênio — para ser usado como combustível de um foguete para viagens entre a Lua e a Terra. Potencialmente, esse novo combustível também poderia ser usado para levar humanos até Marte algum dia. 

Em 2020, dados do telescópio infravermelho SOFIA mostraram que a água na Lua pode ser espalhada como gelo pela sua superfície, em vez de piscinas limitadas a regiões permanentemente sombreadas perto dos polos lunares norte e sul.

Exploração espacial

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Curiosamente, os astronautas das missões Apollo recolheram rochas lunares não apenas perto do polo sul da Lua, onde muitos países esperam estabelecer uma presença a longo prazo, mas também perto do seu equador. Assim, as novas descobertas têm implicações importantes para a estabilidade e persistência do hidrogênio molecular em regiões além dos polos lunares, escreveram os cientistas no novo estudo.

De acordo com o artigo publicado na revista Communications Earth & Environment, a missão lunar Chandrayaan-3, da Índia, que depositou uma dupla robótica agora adormecida perto do polo sul da Lua, revelou outro elemento na superfície do satélite: enxofre. O fato não é exatamente surpreendente para os pesquisadores, mas a quantia apontada agora é muito maior do que antes se acreditava.

Esse elemento poderá um dia ajudar os astronautas a desenvolver baterias de armazenamento e outras infraestruturas na Lua, o que garante recursos para a estabilização humana fora da Terra em missões posteriores. Logo, todas as notícias recentes surgem como um “prato cheio” para os entusiastas do desbravamento cósmico.