Sensibilidade às cores diminui conforme envelhecemos, diz estudo

Sensibilidade às cores diminui conforme envelhecemos, diz estudo

Há quem sinta incômodo ao envelhecer, buscando às vezes parecer mais jovem do que parece. Esse tipo de pessoa pode até achar que a vida vai ficando menos “colorida” conforme se envelhece — filosoficamente falando. Um estudo recente veio mostrar que a vida, de fato, vai ficando menos colorida com o avanço da idade, mas aqui estamos falando realmente das cores que enxergamos. 

Conduzida por pesquisadores do Colégio Universitário de Londres (UCL, na sigla em inglês), a pesquisa mergulhou no universo da percepção humana das cores, desvendando como nossa visão do mundo se transforma com o passar dos anos.

Dilatando pupilas

A pupilometria é usada para medir estímulos visuais. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)A pupilometria é usada para medir estímulos visuais. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

Ao comparar as reações de adultos jovens e mais velhos a uma gama de cores, os cientistas descobriram que as pupilas dos idosos saudáveis se contraem menos em resposta ao colorido, especialmente em tons de verde e magenta. 

Isso sugere uma diminuição na sensibilidade à intensidade das cores ao longo do tempo, enquanto a resposta à luminosidade permanece relativamente estável entre os grupos etários.

Tal evidência vai na contramão da ideia de que não havia alteração na forma como vemos as cores ao envelhecer, noção que era compartilhada por boa parte da comunidade científica. 

De fato, a pesquisa sugere que as cores desbotam gradualmente à medida que envelhecemos, impactando não apenas como vemos o mundo, mas também influenciando nossas preferências de cores ao longo do tempo.

Os cientistas acreditam que esse declínio na sensibilidade está relacionado a mudanças no córtex visual primário, a parte do cérebro responsável pelo processamento das informações visuais. 

Essa diminuição na sensibilidade das cores, apontam os pesquisadores, também é observada em distúrbios neurodegenerativos como a atrofia cortical posterior (ACP), uma forma rara de demência.

Mas por que isso acontece?

Não ache estranhas as roupas coloridas de seu avô. (Fonte: GettyImages/ Reproducão)Não ache estranhas as roupas coloridas de seu avô. (Fonte: GettyImages/ Reproducão)

A resposta pode residir na dinâmica da pupila, que reflete a transmissão de informações visuais do olho para o cérebro. À medida que envelhecemos, as estruturas responsáveis pela regulação das respostas da pupila no mesencéfalo podem mudar, afetando nossa percepção das cores.

Essas descobertas são importantes por diversos motivos, principalmente se pensarmos comercialmente, pois será possível criar produtos respeitando essa relação da diminuição da percepção das cores com o envelhecimento.

Se pensarmos em decoração, entender que as pessoas mais velhas enxergam as cores de forma diferente pode ajudar na criação de espaços mais aconchegantes e que gerem bem-estar. 

Além disso, essa pesquisa pode lançar luz sobre doenças do cérebro envelhecido, como a demência, oferecendo insights sobre os sintomas relacionados ao processamento visual. 

Compreender como o envelhecimento saudável afeta a percepção das cores é crucial para diferenciar esses sintomas de mudanças naturais devido à idade.

No entanto, mais pesquisas são necessárias para desvendar completamente os mecanismos por trás desse fenômeno. Afinal, a percepção das cores é uma parte fundamental de como experimentamos o mundo ao nosso redor, e compreender como isso muda ao longo da vida é essencial para uma compreensão mais profunda da experiência humana.