Patógenos congelados no permafrost irão acordar, diz estudo

Patógenos congelados no permafrost irão acordar, diz estudo

Patógenos antigos que estão presos no permafrost, solo congelado há 46 mil anos, estão começando a emergir à medida que as mudanças climáticas se instalam no planeta. Segundo estudos feitos pela Universidade de Helsinque, cerca de 1% desses vírus podem representar um risco substancial para os ecossistemas modernos.

Essa é a primeira vez que pesquisadores tentam criar modelos de simulação que projetam o potencial efeito ecológico dos invasores presos no gelo. Dessa forma, existe um medo dentro da comunidade científica sobre como esses patógenos podem nos afetar em um futuro próximo caso as temperaturas do planeta continuem aumentando. Entenda mais sobre o caso!

Entendendo o permafrost

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

O permafrost nada mais é do que uma mistura de solo, cascalho e areia unida pelo gelo. Esse tipo de solo pode ser encontrado na superfície da Terra ou abaixo de regiões do Ártico, Alasca, Groenlândia, Rússia, China e norte e leste europeu. Quando o permafrost se forma, micróbios como bactérias e vírus podem ficar presos dentro dele e sobreviver em um estado de baixo metabolismo por milhares ou até milhões de anos.

Períodos mais quentes no planeta podem dar início a processos metabólicos que permitem que esses micróbios adormecidos se reativem e se reproduzam rapidamente. Em meio ao aquecimento global, alguns desses micróbios, incluindo aqueles que apresentam potencial para causar doenças, estão sendo liberador à medida que o permafrost derrete.

Em 2016, por exemplo, um surto de antraz ocorrido na Sibéria matou milhares de renas e afetou dezenas de pessoas. Na época, cientistas logo atribuíram a epidemia ao derretimento do permafrost. Tendo em vista que esses patógenos oferecem riscos reais para humanos e outros organismos vivos, é importante conseguir freá-los. 

Força dos patógenos

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

O grande problema dos patógenos presos no permafrost é que eles funcionam como “viajantes do tempo”. E o que isso significa? Como esses micróbios estão congelados há milhares de anos, seres humanos e outras espécies não foram expostos a eles por muito tempo. Por consequência, isso pode dizer que os ecossistemas modernos não estão prontos para encará-los.

Patógenos que convivem muito tempo ao lado de comunidades bacterianas, humanas ou animais, coevoluem com as espécies de forma que seus riscos são reduzidos. No entanto, quando um patógeno salta gerações, novos elementos de risco são introduzidos sem o sistema imunológico estar preparado.

Na simulação feita em laboratório pelos pesquisadores, somente 1% dos patógenos virais encontrados no permafrost foram capazes de interromper substancialmente ecossistemas inteiros — causando a extinção de espécies semelhantes a bactérias. A equipe apelidou esses patógenos de “cisnes negros”, pelo fato de ser evento raro e improvável, embora impactante.

Os cientistas argumentam que, apesar da probabilidade desses vírus de fato emergirem e causarem estragos seja baixo, seu impacto seria catastrófico. Por isso, esses números precisam ser levados em consideração em cenários climáticos futuros. Contudo, como o estudo inteiro foi baseado em simulações de computador que modelam como os vírus atuam em bactérias, mais pesquisas ainda serão necessárias para a compreensão dos riscos reais apresentados para animais e humanos.